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quinta-feira, 1 de junho de 2023

O QUE É TEONTOLOGIA?


 Introdução

    Quando começamos nossa jornada no estudo da Teologia, um dos grandes desafios tem a ver com as palavras que acarretam um conceito teológico. Muitas das palavras dentro da Teologia Sistemática servem para descrever um conceito teológico. Quando estudamos a doutrina de Deus, nos deparamos com a palavra “Teontologia” ou a frase “Teologia propriamente dita”. Bom, neste ensejo vamos descomplicar a teologia, conhecendo alguns conceitos. O que é Teologia propriamente dita?

    Maior parte dos tratados teológicos ou Teologia Sistemática" tem um capítulo intitulado teologia propriamente dita. Principalmente na língua inglesa. Quando comecei a ler a recente obra de Joel Beeke, Teologia Sistemática Reformada [1], o primeiro volume, ainda pude me deparar com a mesma frase. Acredito que você já se deparou com este termo. Teontologia! 

Estudo do termo

    A palavra teontologia vem do grego e é formada por três vocábulos: theos, “Deus”, ontos, “ser”, e logos, “palavra” ou “lógica”. Daí o significado de teontologia dizer respeito ao “estudo do ser de Deus”. Teontologia é a parte da Teologia Sistemática que se dedica ao estudo sobre o ser Deus e sua obra. Você pode encontrar alguns teólogos em seus tratados ou Teologia Sistemática tratar desta parte como Teologia propriamente dita ou Teologia própria, que é sinônimo de Teontologia. Ademais, algumas obras de Introdução à Teologia Sistemática intitulam esta parte também como A Doutrina de Deus.

    Acredito que fica mais fácil chamar está parte da Teologia Sistemática de “A doutrina de Deus”. Portanto, quando você encontra o capítulo Teontologia ou Teologia propriamente dita trata-se do Ser de Deus e as suas Obras; é o mesmo que A Doutrina de Deus. Por exemplo, R.C. Sproul, no seu livro Somos Todos Teólogos: uma introdução à teologia sistemática, na segunda parte do seu livro sobre o estudo do ser Deus e seus atributos, ele trata este capítulo como “Teologia propriamente dita”. Porém, Alister McGrath, em sua Teologia Sistemática, chama esta parte do estudo de Deus como “A doutrina de Deus". O notável professor Erickson Miller também chama o mesmo capítulo de “Doutrina de Deus”.

3.    Quais são os temas estudados na Doutrina de Deus?

    Bom, dentre diversos assuntos que encontramos em Teologia propriamente dita são questões relacionadas: 1) A Existência de Deus, 2) O Conhecimento de Deus, 3) Os Nomes de Deus, 4) A Santíssima Trindade, 4) Os Atributos de Deus, 5) Os Decretos de Deus, 6) A Criação e 7) A Providência de Deus.

4.    Por que estudar Teologia Sistemática?

    Estudar Teologia Sistemática é muito fundamental para todo crente, é um caminho piedoso para cultivar o conhecimento de Deus. “Para Calvino, compreensão teológica e piedade prática, verdade e utilidade, são inseparáveis” (Joel Beeke, Espiritualidade Reformada, pág. 19). O conhecimento de Deus fomenta a verdadeira piedade, amor a Deus, temor filiar e sobretudo ajuda-nos a ter conhecimento profundo de Deus. Não deixe de estudar Teologia. É bom começar sempre com aqueles bons livros sobre Introdução à Teologia Sistemática.

 

Por. C. R. Bernardo

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

SANTIFICAÇÃO – A VONTADE DE DEUS




1. Introdução

Será que você sabe o que é a santificação? Já ouviu falar dela? Você é uma pessoa santa ou ninguém pode ser Santo? O Breve Catecismo de Westminster na pergunta 35 nos ajuda a responder a questão: O que é santificação? Ele responde: "Santificação é a obra da livre graça de Deus, pela qual somos renovados em todo o nosso ser, segundo a imagem de Deus, habilitados a morrer cada vez mais para o peca¬do e a viver para a retidão".  


Outra definição muito clara e bíblica é oferecida por John Owen que diz: “Santificação é a obra imediata de Deus que por meio de seu Espírito age de forma integral sobre nossa natureza, procedendo a partir da paz exercida em nós por meio Cristo, através da qual somos transformados à Sua semelhança. Somos então mantidos nesta paz com Deus e preservados inculpáveis, graciosamente aceitos por Ele de acordo com os termos de Sua aliança até o fim".


Nesta definição, Owen mostra claramente que a santificação é uma obra do próprio Deus em nós e que esta obra busca transformar a nossa natureza a semelhança da natureza de Cristo, o nosso percursor, aquele que abriu o novo e vivo.  Esta definição de Owen está em perfeita harmonia com a do breve Catecismo, ambas mostram a santificação como uma acção que procede de Deus. 


2. A essência da Santificação


A santificação é um processo que começa no momento do novo nascimento após um arrependimento genuíno, e continua durante toda a vida do crente até o seu último suspiro. Essa obra actua directamente sobre dois pilares chamados de Mortificação e Vivificação. 


A mortificação é o processo que consiste em matar o pecado em nós; matar as nossas paixões e desejos enganosos. A vivificação é o processo que consiste em tornar-se vivo para justiça, viver para Cristo e andar nas boas obras que ele preparou para que de antemão andássemos nelas.


Em Romanos 8:10-17 o apóstolo Paulo deixa claro a ideia da santificação como uma espada de dois gumes envolvendo a mortificação e a vivificação - “Ora, se Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito vive por causa da justiça. E, se o Espírito daquele que dos mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo Jesus há de vivificar também os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós habita…”


Paulo mostra que todo o cristão é chamado a uma vida de mortificação e ao mesmo tempo a uma vida de vivificação. A nossa mortificação consiste numa renúncia diária e contínua do pecado. Mortificação envolve conflito consigo mesmo, com sua carne, com o mundo, e com Satanás. É uma luta ferrenha que nós podemos vencer, pelo poder do Espirito Santo em nós. Em sua famosa frase sobre a mortificação do pecado, John Owen disse: "Se você não estiver continuamente matando o pecado, ele estará continuamente matando você." 


A vivificação é a fusão do Espírito de Deus em nós, que nos capacita a cada vez mais renunciar as obras da carne e ter o nosso prazer e deleite em Cristo cada vez mais abundante. Mortificar as obras da carne pelo Espírito é uma prática diária de matar o pecado em nossas vidas, Ela é o resultado de nossa justificação em Cristo e a evidência da sua regeneração e de sua salvação. Todo aquele que vive mortificando a sua carne mostra que está unido a Cristo.. 


3. A obra de Santificação em nós


O Espírito Santo é o vivificador daqueles que estavam mortos em seus pecados e delitos, aquele que faz os ossos sequíssimos levantarem das mais profundas tumbas, que oferece aos homens a vida eterna e que Ele mesmo se atesta como o penhor da salvação dos seus. Todo ser humano ao crer em Cristo Jesus recebe dele, o Santo Espírito, que o convence do pecado, do juízo e da justiça.


a) Ao ser convencido do pecado, os homens passam a odiar o pecado, pois o Santo Espírito ilumina os corações e  faz-nos ver o quão mau é o pecado diante de Deus, e que todos aqueles que vivem para o pecado não podem ser amigos de Deus e jamais herdarão o seu reino. Então passamos a odiar tudo aquilo que Deus odeia e a ter prazer naquilo que Deus ama. Neste momento o pecado já não tem mais domínio sobre a pessoa que creu em Cristo; ela já não corre mais para ele, ela já não vive para si mesma pois Cristo vive nela (Rm 8:6-8; Gl 2:20).


b) Ao ser convencido da justiça, a pessoa passa a entender que Cristo é o único digno de sua adoração pois em sua morte, ele nos ofereceu vida em si mesmo. Agora a justiça de Cristo lhes foi imputada, em Cristo fomos feitos justiças de Deus, e agora andamos nas obras de justiça, que Deus preparou antes da fundação do mundo para que nelas andassemos. O pecado já não é algo para nós, pois a lei do espirito da vida, em Cristo Jesus, nos livrou da lei do pecado e da morte, de forma que já não há nenhuma condenação para aqueles que estão em Cristo (Rm 1: 25-26; 8:1-2, Ef 2:10).


c) Ao ser convencido do juízo, a pessoa vive na certeza de que sua esperança está unicamente em Cristo e que nele está eternamente seguro, pois o inimigo já foi vencido e exposto a vergonha para sempre. O príncipe deste mundo não tem mais domínio sobre aqueles que estão em Cristo, “o filho de Deus nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do filho do seu amor”, para sempre! Estas verdades assentam em nossos corações e nos oferecem uma paz que o mundo não pode receber! (Jo 16:13; Cl 1:13, 2:15). 


4. Conclusão

Toda esta obra do Espirito Santo em nós é a resposta para a pergunta feita inicialmente, um cristão é santificado por Cristo e essa santificação gera nele um amor por Cristo e uma repulsão pelo pecado. “Busquemos a santificação, sem a qual ninguem verá a Deus”.


Que Deus nos Santifique!

Josemar Frederico

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O Presente texto foi extraído maioritariamente do livro: Pureza Sexual – Josemar Frederico.