Podemos todos saber acerca de Deus,
mas só se achegam a Deus com um coração sincero, aqueles que na realidade
experimentaram o verdadeiro arrependimento. Entretanto, onde flui o verdadeiro
arrependimento há um coração regenerado e nasce também a mortificação do pecado
como consequência da infusão da graça. Gerando abnegação e é sobretudo visível
o converter-se do pecado.
O
arrependimento produz no coração penitente uma aversão para com o pecado, que
consequentemente o leva abandonar o pecado. “Deixe o perverso o seu caminho”
(Is 55.7). Uma pessoa verdadeiramente arrependida abandona o caminho do
pecado.
O
arrependimento é um fruto da livre graça de Deus. Não é na sua totalidade uma
obra humana. Para que haja arrependimento é necessário o juízo da transgressão
cometida. Uma das características do pecado é cegar a mente, como também
prender o coração do homem no pecado.
Olhos
abertos é um dos primeiros passos para que haja arrependimento. A percepção de
seu estado de pecador é fruto da intervenção graciosa de Deus. Saulo (At
9.1-19) precisou desta intervenção para compreender que é um pecador e não
estava servido a Deus. O povo de Nínive precisou ouvir de Jonas (intervenção de
Deus) para perceber o seu estado e voltar-se para Deus (arrepender-se, Jn 3). Davi
precisou de Natã (para abrir-lhe os olhos) e arrepender-se (Sl 51).
O notável
pastor puritano Thomas Watson, num dos seus clássicos, The Doctrine of
Repetance (A doutrina do Arrependimento), pintou o quando do arrependimento da
seguinte forma: “Um navio se dirige ao leste; e o vento muda seu rumo para o
oeste. De modo semelhante, um homem se encaminhava para o inferno, mas o vento
contrário do Espírito soprou, mudou o seu rumo e o fez andar em direção ao
céu”. [1] Este é uma clara descrição da intervenção graciosa de Deus no
arrependimento. Ainda assim, este converter-se do pecado implica uma mudança
notável. Converter-se do pecado é tão visível que os outros podem percebê-lo.
Por isso, é chamado de uma mudança das trevas para a luz (Ef 5.8). Paulo, depois
de ter recebido a visão celestial, ficou tão diferente que todos se admiraram
da mudança (At 9.12).
Está
intervenção que nós conceituamos como regeneração não simplesmente abre os
olhos, como também gera um genuíno arrependimento e por último habilita-nos a
responder com fé o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. Deus como grande
cirurgião efectua a regeneração. O arrependimento é a expressão de
um coração regenerado e este é acompanhado de mudanças transformadores e
visíveis. Para Watson, “Essa mudança visível que o arrependimento produz em uma
pessoa é como se outra alma se abrigasse no mesmo corpo”. [2]
Ademais,
para melhor compreensão dessa mudança, tratamo-la como “converter-se do
pecado”. Assim fez também Watson no seu tratado quanto a descrição do
arrependimento. Quando lemos sobre o povo de Nínive, sobre Davi, depois
da intervenção de Deus é visível as mudanças que o arrependimento traz na vida
de quem experimenta. Portanto, O arrependimento deve ser um modo de vida,
querido leitor e amado irmão. Isto é, o arrependimento deve ser parte do nosso
viver diário. ”Morrer para o pecado é a vida do arrependimento”. Na prática do
arrependimento, “os olhos devem fugir de vislumbres impuros. O ouvido tem de
fugir dos escárnios. A língua, do praguejamento. As mãos, dos subornos. Os pés,
dos caminhos das meretrizes. E alma, do amor à impiedade”. [3]
Por: C. R. Bernardo
NOTA:
[1] - Watson, Thomas,The Doctrine
of Repetance, published byThe Banner of Truth Trust in .U.S A.
[2] - Ibid.
[3] - Ibid.
