A Onipresença de Deus é parte de seus atributos incomunicáveis, aquele que ele não compartilhou com os homens e, pode ser definida de seguinte maneira: “Deus não tem tamanho nem dimensões espaciais e está presente em cada ponto do espaço com todo o seu ser. Ele, porém, age de modo diverso em lugares diferente”. [1] O termo onipresença sempre está ligado a infinidade de Deus “que faz com que ele tenha a sua presença plena em cada parte do espaço”.[2]
Um
dos textos que explica este atributo com maior clareza e beleza é o Salmo
139:7-10. Aqui o Salmista mostra-nos sua compreensão sobre Deus do qual
conclui, não há lugar onde pudesse se esconder no qual o Senhor que é Soberano
não estaria ou não o encontrasse.
Davi
no verso 7 expressa seu temor reverente diante da Onipresença de Deus e a
tradução feita pela NVI nos ajuda a compreender isso, pois apresenta dois
verbos que podem ilustrar melhor o que está no recôndito da alma do salmista.
Verbos como “fugir e correr”
no verso 7, dão o sentido de ir o mais distante possível da presença de Deus
(claro, se isso fosse possível para qualquer
homem). Todavia, no verso 8, o Salmista entende que o Senhor está nos céus, mas
também está nas profundas sepulturas (isto é, nos dois extremos). Ele está em
um extremo e ao mesmo tempo está no outro extremo, não como parte dividida de
si, mas como o mesmo Deus que tudo conhece, tudo controla e tudo vê. Portanto,
ninguém consegue escapar de sua infinita presença.
1. Um
atributo que corrige nossa teologia de adoração diária
Este
atributo quando compreendido muda à ideia errônea que alguns irmãos têm sobre a
oração. Você provavelmente terá ouvido de alguns irmãos “zelosos”, mas que, por
conta de uma visão minúscula de Deus, dizem quando se levantam para orar “vamos
entrar na presença de Deus para orar”, ou aquelas que dizem: “não existe melhor
lugar para estar senão no centro da vontade de Deus”. Com a primeira afirmação
as pessoas esquecem que com ou sem oração o homem esta diante de Deus, e tudo
que faz deve ser feito em reverência a Ele. Você não está entrando na presença
de Deus quando ora, você já esta diante dele orando ou não, pois ele é
Onipresente. Portanto, tratemos de fazer tudo pensando que estamos diante do
Deus Onipresente.
Com
a segunda afirmação (não existe melhor
lugar para estar senão no centro da vontade de Deus), às pessoas procuram
passar uma imagem como se a vontade de Deus ficasse no centro, não pouco a
esquerda nem um pouco a direita, somente no centro. À luz disso, quem fica um
pouco à esquerda ou mais a direita, está mal ou totalmente perdido. No entanto,
isso é uma associação que os homens procuram fazer sobre a vontade de Deus e
não o que as Escrituras fazem. A Bíblia ao expressar sobre a vontade apenas deixa
claro que existem duas: aquelas que nos foram reveladas e, portanto, estão
claros nos textos; por outro lado, temos aquela que não nos foi revelada – o
que não é nossa responsabilidade descobri-las (Dt 29:29). Todavia, não há
qualquer referencia bíblica chamando as pessoas para estarem no “centro” da vontade
de Deus, nem para esquerda ou direita. Fomos chamados a obedecer ao que está
escrito como vontade de Deus.
E
dentre muitos imperativos que temos a obedecer na Bíblia como vontade de Deus,
encontra-se textos como: “pois está é vontade de Deus: a vossa santificação,
que VOS ABSTENHAIS da prostituição” (1Ts
4:3, ênfase minha). Porque escrito está: SEDE
Santos, porque eu sou santo (1 P 1:16, ênfase minha). Portanto, não há qualquer
misticismo. Está claro o que devemos fazer depois que somos alvejados pelo
evangelho. Se for imperativo somos chamados a seguir, não é estar no centro,
não é estar na esquerda nem na direita. O que está nesses textos é a marca dos
que foram selados pelo Espírito Santo, partindo do pressuposto de que o
cristianismo não começa pela busca da santidade em si mesmo, mas que a busca de
se parecer com Deus por meio da santificação marca os que são e os que não são
de Deus. A resposta de quem vislumbra o Deus onipresente é submissão
inquestionável diante desses e muitos outros textos bíblicos.
No
entanto, à luz da visão errônea sobre a vontade de Deus o que deve pairar em
nossas mentes não é a questão se estamos no centro, na esquerda ou na direita. A
pergunta que devemos nos fazer é se o que estamos fazendo é a vontade de Deus
revelada na Bíblia Sagrada. Pois, isso nos afastará de pressuposto que não
sejam bíblicos. Se nos conformarmos que Ele é Onipresente, nossa adoração
diária será sustentada por pressupostos bíblicos e não por palavras vazias.
Esse atributo de Deus nos ensina a andar somente naquilo que ele falou, pois é
único suporte que temos.
2. Um
atributo preocupante ao homem fraco e desleixado
Embora
sejamos santos em Cristo, ainda lutamos contra os nossos inimigos (o mundo, a carne
e o diabo). E diante das tentações que nos seduzem todos os dias, este atributo
nos mostra que não estamos sós. O Deus Onipresente está conosco nos fortalecendo
em nossas fraquezas. Não fomos abandonados numa caminhada sozinhos, temos o
Espírito Santo em nós como o guia e também temos a Deus Pai que vê tudo nos
dias nublados. Quando as coisas parecem difíceis, somos chamados a olhar para
Deus Pai que não nos abandona e em seu Filho que “está conosco todos os dias
até a consumação dos séculos” (Mt 28:20b). Quando pecamos precisamos
compreender que por mais escondidos que nossos atos tenham sido praticados,
Deus é onipresente e, ele viu tudo. Nada foi feito no oculto.
Não
há nada que venhamos pensar, ou executar que Deus não saiba o que está acontecendo
em nossos corações. Quando as pessoas caírem em pecados, elas devem saber que
até os atos cometidos aparentemente às escondidas, ou na escuridão da luz
elétrica, estão visíveis para Deus. Ele está presente vendo as atrocidades dos
homens. Os ímpios não podem se esconder da Onipresença de Deus, os cristãos
também não podem, todavia, nós temos o Advogado (1 Jo 2:1). Contudo, isso não é
motivo de continuar-se em más praticas, se de fato nascemos de novo (1 Jo
3:7-10). Pensemos que Ele é Onipresente e corramos para ele em nossas fraquezas
a fim de não nos entregarmos às seduções desta vida. Nós estamos com o Todo-
Poderoso e com aquele que venceu a morte, a fonte de nossa vida (1Jo 5:4-5).
3. Um
atributo maravilhoso no dia da Angústia
O
Deus que é ilimitado temporalmente, também é ilimitado espacialmente. Ele é
Deus de perto e também é Deus de longe, aquele que nos vê (Jr 23:23-24). O Deus
das Escrituras é um Deus sempre presente, que por meio de sua presença enche os
céus, a terra e os remidos, por meio de seu cuidado paternal. Este é o maior consolo
para uma geração que se sente governada pelos por líderes políticos, mas também
pode ser um consolo para o cristão que se sente abandonado nas enfermidades ou
em outras angústias dessa vida.
O
atributo da Onipresença de Deus consola nossas almas diante dos males que
assolam o mundo no qual vivemos. Quando a injustiça triunfa, quando os
malfeitores nesta terra conseguem fazer leis que defendem com ousadia, a
despeito de suas irregularidades; sabemos que há um Deus que sabe tudo e vê
todas as coisas (Hb 4.13; Pv 15.3; Is 57.15). Portanto, descansemos nele sabendo que o dia do grande
julgamento chegará (At17:31)
Que
este atributo preencha nossa mente no dia que as coisas não fizerem sentido, ou
que diagnóstico da enfermidade for o menos que esperávamos.
Que
a graça de Deus em Cristo Jesus confronte, conforte e fortaleça nossos corações.
No
amor de Cristo,
Luís
Mendonça
NOTAS:
[1]
- GRUDEM
Wayne. Teologia Sistemática- São Paulo: Vida Nova, 1999, p. 121.
[2] - CAMPOS, Heber Carlos de. O Ser
de Deus e seus atributos, São Paulo: Cultura Cristã, 2012, p.
211.

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