Muitos homens e mulheres foram chamados por Cristo, a fim de trabalharem em favor do Reino de Deus. Esse trabalho para o qual foram designados (os filhos de Deus) exige uma vida de dedicação e entrega. O próprio Filho de Deus, como disse Paulo, viveu uma vida de dedicação, sofrimento e entrega total (Fp 2.5-8). Hernandes Dias Lopes disse em um de seus sermões, que o "caminho feito por Jesus até a cruz deve ser o mesmo caminho que nós devemos fazer". Ou seja, a vida de dedicação e entrega de Jesus devem ser o maior exemplo de como devemos viver uma vida dedicada a vontade de Deus (Lc 22.39-42).
No entanto, poucos estão dispostos a andar pelo caminho espinhoso da cruz, que embora seja estreito e cheio de dor, ao final produzirá vida eterna aos peregrinos que perseverarem nesse caminho (que exige sacrifício e abandono do eu) (Mt 7:13-14).
Embora o significado da palavra dedicação, que expressa "qualidade ou condição de quem se dedica a alguém ou algo", seja uma definição corriqueiramente usada em nossa sociedade, nós precisamos nos perguntar o que a Bíblia diz sobre como devemos nos dedicar e a quem devemos dedicar a nossa vida. Para responder essa pergunta é importante dar a devida atenção ao que Jesus disse em um dos mandamentos: “Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força” (Mc 12:30). Nesse mandamento, nós encontramos a resposta sobre a quem devemos dedicar a nossa vida e como devemos nos dedicar: amar somente a Deus oferecendo a nossa vida como um todo. Isso exige dedicação e entrega total.
Ainda que encontremos homens que se entregam pelo evangelho com toda a sua força, quando olhamos para o passado, observamos que existiram homens mais valentes e corajosos, que amavam a Cristo profundamente, e foram (e ainda são) influenciadores de almas, que amavam profundamente e ensinavam outros a amarem a Cristo com toda alma e toda a força.
Um dos homens que exemplifica uma vida de dedicação e influência era um homem conhecido como o príncipe dos pregadores. Não me refiro a Spurgeon, mas sim, o exemplo em quem Spurgeon se apoiou. Segundo Lloyd-Jones, George Whitefield foi o maior pregador inglês de todos os tempos. [...] A sua influência na Inglaterra, sua influência em Gales, sua influência na Escócia e sua influência na América em especial, está além do que se possa calcular. Whitefield era um homem incansável, cujo ministério, “não conhecia descanso”. Esse homem respirava o evangelho e dedicou a sua vida mesmo diante de uma doença que o acometeu (Steven J. Lawson, O Zelo Evangelístico de George Whitefield, p.38-39, 43).
Segundo Steve Lawson, qualquer que seja o nosso entendimento a respeito desse homem e de seu zelo evangelístico, é preciso levar em consideração a sua vida espiritual. Mesmo diante de uma investigação superficial sobre George Whitefield, perceberemos que pelas poucas coisas que alguns estudiosos mencionam a respeito desse homem, tais relatos revelam Whitefield como um homem “denominado por dedicação singular a Jesus Cristo” (p.43).
Porém, qual a razão de tanta dedicação e tanto sucesso no ministério? A resposta é óbvia, pois Whitefield amava Jesus Cristo e tinha um grandioso afeto pela glória de Deus. Ele era um "itinerante incansável", dedicado a pregação do evangelho (O Zelo Evangelístico de George Whitefield, p.44) Já o seu sucesso, estava alicerçado em cinco aspectos que certamente impulsionavam esse homem a se dedicar ainda mais.
Em primeiro lugar, ele era um home imerso nas Escrituras, que tinha um compromisso inabalável com as Escrituras, ou como disse Dallimore, citado por Steven Lawson: "Podemos vê-lo às cinco da manhã em seu quarto", ou seja, lendo as Escrituras (p.45)
Em segundo lugar, ele era um homem que orava sem cessar, que vivia saturado pela oração. Ele insistia que os filhos de Deus deveriam orar secretamente. "Conversar menos com os homens, e mais com Deus". Ele se derramava em uma vida de oração diária e se questionava sobre sua fé com diversas cobranças, a fim de que fosse um cristão melhor e mais dedicado (p.47).
Em terceiro lugar, Whitefield era focado em Jesus Cristo. Jesus sempre foi o seu único amor. Ele também encorajava os seus ouvintes para que olhassem somente para Cristo e tivessem sede diariamente pela justiça de Cristo (p. 50-51).
Em quarto lugar, ele era revestido de humildade. Ele confessava em suas orações as seguintes palavras: "Sou menor que os menores dos santos — sou dos principais pecadores". Ele compreendia que se houvesse obsessão pelo seu próprio eu, a pregação não teria efeito nenhum. Sendo assim, após examinar-se, ele disse: "Ah, esse amor próprio, essa vontade de exaltar o eu! É diabo dos diabos". Ele era humilde e precavido, pois sabia que o seu eu poderia derrubá-lo (p.52-53).
Em quinto e último lugar, ele lutava por santidade. Ou seja, a sua vida foi marcada por piedade, uma busca pela santidade pessoal. Ele entendia que "a santidade jamais poderia ser obtida enquanto estivermos agarrados ao pecado". Whitefield levava a sério a sua vida pessoal e lutava constantemente contra o pecado e reconhecia que a santidade era uma "transformação progressiva", uma busca diária por uma vida integra de acordo com a Escritura (p.55-56).
Tal era a dedicação desse homem. De fato, ele se apresentou à Deus oferecendo sua vida "como sacrifício vivo e santo". Em um de seus clamores a Deus, Whitefield disse: "Entrego a ele minha alma e meu corpo, a ser disposto e gasto em seu labor como ele desejar. Daqui em diante eu resolvo, com sua assistência... viver uma vida mais restrita que antes, entregando-me à oração e ao estudo das Escrituras [...] Deus me dê saúde, se for sua bendita vontade... Eu me entrego inteiramente a ele" (p.58).
Portanto, diante desse breve relato da vida dedicada de Whitefield, nós precisamos refletir se de fato temos nos dedicado como deveríamos, e se temos nos oferecido como sacrifício vivo e santo a Deus (Rm 12.1). Observamos anteriormente uma vida, que além de Cristo, exemplifica uma vida de dedicação e uma vida que estava disposta a trilhar os mesmos caminhos de Jesus. Sendo assim, o quanto você tem se dedicado e se entregado ao trabalho do Senhor? O quanto você tem amado Cristo? O quanto você segue os exemplos de Cristo? O quanto você se identifica com a vida dedicada de Whitefield? O quanto você está disposto a perder por causa de Cristo e a se dedicar inteiramente a ele? Você teria a mesma coragem que os Jovens Moravianos, que se ofereceram para serem escravos para sempre, a fim de pregarem o evangelho? Você estaria disposto a dedicar a sua vida como esses jovens?
Por fim, ame servir a Cristo e dedique-se como um todo, como sacrifício vivo e santo, pois essa é a exortação de Paulo aos romanos, bem como a todos nós que cremos no Senhor (Rm 12.1). Já é hora de despertar do sono (Rm 13.11-12), pois o dia se aproxima.
Que o exemplo de dedicação de George Whitefield seja um exemplo para nós, e que assim, sejamos saturados pelas Escrituras, saturados por uma vida de oração, focados em Cristo, revestidos de humildade e guerreiros na luta pela santificação sem a qual ninguém verá o Senhor (Hb 12:14).
(José Jr. )
SUGESTÃO DE LEITURA:
1 - LAWSON, Steven J. O Zelo Evangelístico de George Whitefield: Um perfil de homens piedosos. SP: Fiel, 2013.
2- Os Jovens Moravianos. Disponível em: <https://voltemosaoevangelho.com/blog/2009/08/jovens-moravianos/>
3 - PACKER, J. I. O Conhecimento de Deus. SP: Cultura Cristã, 2014.

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