O mundo está cada vez mais dinâmico e, o mercado de trabalho mais exigente. As empresas cada vez mais têm apostado no capital humano a fim de aumentarem as suas produtividades. Por outro lado, a oportunidade de emprego está cada vez mais difícil, e o que se espera, de todo candidato que busca alguma vaga, é que seja competente. No entanto, não são poucos os cristãos que negligenciam a formação acadêmica e profissional sob pretexto de devoção a Deus; vivem orando e desejando posições mesmo não possuindo credenciais para tal – isso também é tentar a Deus. Não são poucas as denominações religiosas que promovem ideologias que promovem a busca pelo sucesso, sem um dia se ter investido para tal. Muitos crentes que assim procedem, aprendem a lidar com as consequências mais lá para frente, e outros, frustrados mesmo.
Os que assim procedem, sem perceber, colocam em causa a ideia de cristianismo na vida daqueles que não conhecem o evangelho. Como resultado, têm que lidar com o não progresso da vida social, acadêmica e profissional. E quando a idade avança, mais críticas tem de suportar, principalmente se, ainda estiver debaixo do teto dos pais, sendo desdenhado pelos familiares por se encontrarem na condição de desempregados, enquanto que os pais esperam que o mesmo contribua nas despesas de casa. E não é de admirar que assim sejam julgados e, nem ousemos pensar que esteja a sofrer pelo evangelho.
Precisamos compreender que ser cristão não é sinónimo de desleixo ou omissão dos deveres sociais. Lemos sobre os puritanos, como eles conciliavam as actividades sociais com as espirituais. Precisamos imitá-los também nesse quesito. Não basta orarmos. Há um lema muito interessante entre os reformados que diz: Orar e trabalhar. “[…] Devemos orar sim, devemos entregar todas as nossas petições sim a Deus, mas não basta orar somente…” (Pr. Paulo Junior – sermão o cristão e a vida profissional).
Existem ímpios esforçados, que estudam e trabalham para valer; não se espera menos do cristão. Como pois terão ousadia de ministrar o evangelho aos colegas de escola, se não são exemplos de bons estudantes na turma? Como teremos bons políticos, professores, médicos, jornalistas, enfermeiros e outros profissionais sabidos na igreja e servindo a sociedade para a honra e glória de nosso Deus, se negligenciarmos a formação? Em tudo dá-te por exemplo, cristão. Com o mercado de trabalho sofrendo mutação, não devemos esperar sermos aceites se não formos dedicados. Não é somente ser pastor ou exercer algum ofício na igreja que se serve a Deus. Ser trabalhador exemplar e cumpridor dos deveres sociais, também é servir a Deus
No entanto, há crentes que, mesmo sendo esforçado, por conta desta ou daquela situação, têm que aprender a lidar com pressões familiares e, como se não bastasse, também da sociedade, por causa do desemprego, o que muitas vezes desencadeia em sentimentos melancólicos que podem levar a depressão, principalmente quando se esforçam o máximo, mas não prosperam e, isso é de facto frustrante, porém, mas frustrante ainda, quando não contemplamos tudo na cosmovisão bíblica.
Lembro há alguns anos, eu e um amigo, isolados no templo, conversávamos sobre as nossas aflições e condição de desemprego; enquanto falávamos, eu disse para nós mesmo: “imagino Deus a partir do céu, olhando-nos como dois loucos, porque ele sabe o que cada um de nós será daqui a alguns anos”. E isto consolou muito o meu amigo que o tenho por grande estima. Se cremos na Soberania e Sabedoria de Deus, devemos, como disse o apóstolo, lançar sobre ele toda a nossa ansiedade. Por que será? Ele mesmo apresenta a razão, “porque ele tem cuidado de vós.” (1 Pe 5:7).
O facto de existirem pessoas não crentes prosperarem, deve servir-nos de lição e motivação para investirmos no nosso capital humano. O alvo não deve ser a riqueza, mas Deus ser glorificado em nossa vida. Mas enquanto desempregados, se não somos esforçados, temos a resposta da nossa condição, se somos, pensemos como espirituais que, se amamos a Deus, devemos considerar que todas as coisas cooperam verdadeiramente para o nosso bem. (Rm 8:28). Isso não pressupõe apatia e conformismo com a situação. Se puderes estudar, estude, dê o máximo de si; se ainda não conseguiu emprego, continue orando e procurando e, se trabalha, seja esforçado. Glorifique a Deus na posição em que te encontras. Contudo, confiando em Deus, faça tudo que puderes, até Deus manifestar a sua soberana providência; continue esforçando-se, que o Senhor concederá graça segundo a sua vontade. Mas, não permita que nada, comprometa o teu relacionamento com Deus.
(Manuel Lema)
SUGESTÕES DE LEITURA:
1- RYKEN, Leland. Santos no Mundo. SP: Fiel, 2013. [Cap. 2]

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