Seguidores

domingo, 8 de novembro de 2020

A RELAÇÃO ENTRE O ANTIGO E O NOVO TESTAMENTO


 

    Quando estudamos as Escrituras, vemos que “uma única história redentora fundamenta ambos os testamentos” (Sidney Greidanus, Pregando Cristo a partir do Antigo Testamento, p. 65). Embora aja na Bíblia dois testamentos, todavia há uma unidade nelas. O Antigo Testamento apresenta profecias e símbolos; o Novo Testamento, cumprimentos e realizações (Hb 8-10; Cl 2.17).  Assim, o Novo Testamento apresenta a Igreja cristã como a continuidade da Igreja do Antigo Testamento, mostrando unidade e descontinuidade (novidade) entre elas.

    Devemos observar que embora os símbolos e rituais tenham mudado, a igreja é a mesma, o povo o mesmo. Isso o Novo Testamento deixa bem claro. No Novo Testamento vemos que o Sábado do Antigo Testamento se tornou em Domingo, a Páscoa, em Ceia, e a Circuncisão, em Batismo. No Novo Testamento, os crentes são chamados de "filhos de Abraão" (Gl 3.7,29) e a Igreja de "o Israel de Deus" (Gl 6.16). Tal era o entendimento da Igreja Cristã da relação e interdependência entre os testamentos que escrevendo aos Colossenses, Paulo equaciona o batismo a circuncisão, chamando-a de "a circuncisão de Cristo" (Cl 2.11-11). Ademais, o povo do Novo Testamento não está inseto das estipulações encontradas no Antigo Testamento, ainda que se deve ter em vista algumas descontinuidades na mesma.

    Assim, incorrem em grande erro os adeptos da teologia dispensacionalista, sustentando haver nas Escrituras a existência de dois povos de Deus (Israel e a Igreja), uma vez que os dois testamentos nos apresentam um só povo, o qual tem um só Deus com uma só Lei e uma única esperança messiânica.

(Kennedy Bunga)

terça-feira, 22 de setembro de 2020

Os Filhos dos Crentes na Teologia da Aliança

 


INTRODUÇÃO

    A discussão da posição das crianças, filhos de crentes, no Pacto que Deus estabeleceu com o seu povo não é de hoje. Vários autores renomados têm tratado do assunto, quer em livros, pregações e entrevistas. Acreditando na importância do assunto para uma teologia sadia, apresentamos aqui, o que as Escrituras dizem sobre o assunto,  nos valendo, é claro, das contribuições de alguns estudiosos do assunto em causa.

        1. A IGREJA CRISTÃ E SUA RELAÇÃO COM A ANTIGA INSTITUIÇÃO

Acreditamos que o nosso entendimento da posição que a criança desempenha no Pacto dependerá da compreensão que temos da igreja da nova dispensação. Isto é, se é uma instituição totalmente nova e independente ou se tem relação com a antiga instituição.

Diferente dos Dispensacionalistas, sustentamos uma teologia aliancista, a qual crê não na existência de dois povos de Deus, mas de um só. Cremos que a Igreja cristã é a continuação da igreja do Antigo Testamento. Embora os símbolos e rituais tenham mudado, a igreja é a mesma, o povo o mesmo. Assim cremos porque as Escrituras deixam isso bem claro. O Sábado do Antigo Testamento tornou-se em Domingo no Novo Testamento, a Páscoa, em Ceia, e a circuncisão, em batismo. No Novo Testamento, os crentes são chamados de "filhos de Abraão" (Gl 3.7,29) e a Igreja de "o Israel de Deus" (Gl 6.16). Tal era o entendimento da Igreja Cristã que escrevendo aos Colossenses, Paulo equaciona o batismo a circuncisão, chamando-a de "a circuncisão de Cristo" (Cl 2.11-11).  

        2. A POSIÇÃO DAS CRIANÇAS NA ANTIGA E NOVA INSTITUIÇÃO

Tendo dito isso, precisamos agora ver como as crianças eram vistas na Antiga Instituição e Nova Instituição de Deus.

2.1 As Crianças na Antiga Instituição

Ao contemplar as Escrituras, o Rev. Augustus Nicodemus acertadamente diz que:

Deus sempre tratou com famílias (Dt 29.9-12), embora nunca em detrimento da responsabilidade individual. Assim, Deus mandou que Noé e sua família entrassem na arca (Gn. 7.1), chamou Abraão e sua família (Gn 12.1-3) e castigou Acã, Coré e suas famílias juntamente. Paulo, ao refletir sobre a história de Israel e ao mencionar a passagem dos israelitas pelo Mar Morto, diz que todo o povo foi batizado com Moisés, na nuvem e no mar inclusive as crianças, é claro, pois havia milhares delas (1 Co 10.1-4).[2]    

Portanto, a aliança de Deus feita com o povo de Israel incluía os seus filhos. Ao estabelecer a circuncisão como o selo da aliança, Deus ordenou que não somente os adultos, mas também as crianças fossem circuncidadas:  Estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência no decurso das suas gerações, aliança perpétua, para ser o teu Deus e da tua descendência. Dar-te-ei e à tua descendência a terra das tuas peregrinações, toda a terra de Canaã, em possessão perpétua, e serei o seu Deus. Disse mais Deus a Abraão: Guardarás a minha aliança, tu e a tua descendência no decurso das suas gerações. Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós e a tua descendência: todo macho entre vós será circuncidado. Circuncidareis a carne do vosso prepúcio; será isso por sinal de aliança entre mim e vós. O que tem oito dias será circuncidado entre vós, todo macho nas vossas gerações, tanto o escravo nascido em casa como o comprado a qualquer estrangeiro, que não for da tua estirpe. Com efeito, será circuncidado o nascido em tua casa e o comprado por teu dinheiro; a minha aliança estará na vossa carne e será aliança perpétua. O incircunciso, que não for circuncidado na carne do prepúcio, essa vida será eliminada do seu povo; quebrou a minha aliança” (Gênesis 17.7-14).

Tão seria era a extensão da aliança na família que Moisés quase foi morto por não ter circuncidado seu filho, como sinal de pertencer a aliança:  Estando Moisés no caminho, numa estalagem, encontrou-o o Senhor e o quis matar. Então, Zípora tomou uma pedra aguda, cortou o prepúcio de seu filho, lançou-o aos pés de Moisés e lhe disse: Sem dúvida, tu és para mim esposo sanguinário. Assim, o Senhor o deixou. Ela disse: Esposo sanguinário, por causa da circuncisão” (Êxodo 4.24-26).

Por isso, não é sem razão que a Bíblia chama os filhos do povo de Israel de “herança do Senhor” (Sl 127.3). Portanto, fica mais que evidente que no Antigo Testamento os filhos dos israelitas eram contados na aliança de Deus com o povo.

2.2 As Crianças na Igreja Cristã

A Igreja Cristã, como vimos, não é uma instituição totalmente nova e independente da antiga. Como tal, ela mantém a posição das crianças estabelecida na antiga dispensação.

Quando olhamos para o Novo Testamento, não vemos a anulação, antes a confirmação de que os filhos dos crentes são membros da igreja. Três textos, pelo menos, servem de principais testemunhos a nossa tese:

1.    A declaração de Pedro aos Judeus: “Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar” (At 2.39, grifo meu). Pedro aqui se refere a promessa feita na antiga dispensação, isto é, a promessa de serem redimidos de seus pecados e desfrutarem de uma vida nova com o poder sobre o pecado mediante a obra de Cristo.[3] Mas Pedro não para por aí. Ele diz que essa promessa de pertencerem a Deus pela redenção do Messias também diz respeito aos filhos deles (suas crianças), mostrando assim serem os filhos contados na aliança de Deus.

2.    O ensino de Paulo a igreja de Coríntio:Porque o marido incrédulo é santificado no convívio da esposa, e a esposa incrédula é santificada no convívio do marido crente. Doutra sorte, os vossos filhos seriam impuros; porém, agora, são santos” (1 Coríntios 7.14, grifo meu). Charles Hodge, no seu livro O Batismo Cristão, faz uma interessante colocação neste verso: “Em que sentido são “santos” os filhos quando um dos pais é crente?”[4] À essa pergunta, o estudioso citado dá a seguinte resposta:

Não são santos inerentemente, pois nem quando ambos os pais são fieis se pode dizer que o sejam. Deve referir-se ao pacto ou à relação eclesial em que os filhos estão postos. E, sem que haja lugar a dúvida, a intenção de Paulo era resolver uma dificuldade prática que surgiu muito cedo na igreja. Parece que os cristãos não sabiam o que fazer quando só um dos conjugue era convertido. Essa dificuldade não poderia existir se as crianças, de qualquer modo, tivessem de ser excluídas, supondo-se até o caso de ambos os pais serem crentes. Diante dessa dúvida, o apóstolo diz que a fé de um dos pais basta para garantir a posição das crianças no pacto. Não havia por que excluí-las.[5]

3.    O ensino de Jesus aos seus discípulos: Jesus, porém, chamando-as para junto de si, ordenou: Deixai vir a mim os pequeninos e não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus” (Lucas 18.16, grifo meu). Embora tal alusão seja de natureza menos definida, nosso Senhor parece ter sancionado o antigo uso, isto é, que os filhos dos crentes são contados no pacto e têm direito ao selo da aliança.

Refletindo sobre isso, no excelente livro O que todo presbiteriano inteligente deve saber, Rev. Adão Carlos Nascimento escreve:

As crianças, filhas de crentes, são herdeiras espirituais de seus pais. Pertencem ao Senhor; por isso, têm direito de receber o batismo e pertencer à igreja.
A situação das crianças na nova aliança é idêntica à situação delas na antiga aliança. Na antiga elas eram circuncidadas; na nova aliança são batizadas.[6]

 

A pratica de batismo de famílias ou casas inteiras, vistos na Igreja Primitiva, põe isso em evidência. Temos quatro relatos em que o batismo de criança, como selo de pertencer a aliança de Deus, é claramente mostrado: o da família de Cornélio (At 10.44-48), de Lídia (At 16.15), de Estéfanas (1 Co 1.16) e do carniceiro (At 16.32-33). Somado a isso, temos também quatro referências em que o batismo de criança é bastante provável: os das casas de Crispos (At 18.8), de Onesíforo (2 Tm 1.16), de Aristóbulo (Rm 16.10) e de Narciso (Rm 16.11). A pergunta que não quer se calar, diante desses textos, é a seguinte: será que nessas famílias não havia crianças? É menos improvável que não houvesse.

Comentando tais textos, Rev. Adão Matos faz uma excelente colocação:

No caso do carcereiro, está registrado que “ele, com todos os seus, manifestava grande alegria, por terem crido em Deus” (At 16.34). Logo, entre os filhos do carcereiro havia adultos que também creram e foram batizados. Mas no caso de Lídia o registro bíblico fala apenas da sua conversão. E ela e todos os seus foram batizados. Se seus filhos eram adultos, então foram batizados sem conversão. Paulo não faria isso. Logo, os filhos de Lídia eram crianças, que foram batizadas juntamente com sua mãe.[7]

CONCLUSÃO

Portanto, a posição da criança como membro integrante do Pacto não somente é confirmada pelo Novo Testamento, como praticada pela Igreja Primitiva. A Bíblia mostra que o povo de Deus é formado por adultos e crianças.  Os adultos recebem Jesus como Senhor e Salvador. Tornam-se filhos de Deus por isso. Os filhos dos crentes são herdeiros espirituais de seus pais. Como herdeiras espirituais têm o direito às mesmas bênçãos de seus pais. Por isso devem ser introduzidas no pacto pelo batismo, o selo da aliança. Deixar de fazer isso é o mesmo que excluí-las da herança do Senhor. Assim como Josué (Js 24.15), a Igreja Cristã cria que o nosso Deus é também o Deus dos nossos filhos. 


By: Kennedy Bunga

NOTAS:

[1] Assuntos como providenciar respostas a todas as objeções que tem se levantado ao tema em causa. Em caso de dúvida, tais respostas podem ser vistas pesquisando as obras citadas nesta secção.

[2] LOPES, Augustus Nicodemus. Batismo de crianças: algumas considerações. Disponível em: < http://www.seminariojmc.br/index.php/2018/01/04/batismo-de-criancas-algumas-consideracoes/> Acesso em: 17 set. 2020, (23:35).

[3] Promessa essa que bane a dicotomia que os dispensacionalistas fazem entre o NT e o AT, uma vez que tal promessa foi feita no AT na ocasião daquele povo.

[4] HODGE, Charles. O Batismo Cristão: imersão ou aspersão? Trad.: Sabatini Lalli. SP: Cultura Cristã, 2014, p.47.

[5] Ibid., p. 47-48.

[6] NASCIMENTO, Adão Carlos; MATOS, Alderi Souza de. O que todo presbiteriano inteligente deve saber. Santa Bárbara d’Oeste, SP: SOCEP Editora, 2007, p. 171.

[7] NASCIMENTO, Adão Carlos; MATOS, Alderi Souza de. O que todo presbiteriano inteligente deve saber, p. 176.


quinta-feira, 23 de julho de 2020

A ALEGRIA DA COMUNHÃO


“Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!” (Sl 133.1)

A queda transformou o homem em um tremendo egoísta. Tudo o que faz um pecador sem Cristo é para si e visa seu próprio contentamento. Ao contrário da noção politeísta, não pode haver mais do que um Deus, o que implicaria total desordem na Criação. As Escrituras afirmam a existência de um único ser divino, constituído de três pessoas. É certo, portanto, que esse único Deus é plural. Tal pluralidade foi transmitida à criatura humana, afirmada nas próprias palavras proferidas pelo Criador naquele momento: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gn 1.26). Isso mostra que a existência do ser humano é marcada também pela pluralidade que se encontra em Deus. Colocando isso de outra forma, o homem é eminentemente um ser social. Foi criado para relacionamentos. Tal já se expressa na própria família, compreendida como um homem e uma mulher em aliança perpétua, cuja união resulta filhos. No momento em que criou Eva, o Senhor disse ao primeiro casal que ambos seriam uma só carne. Essa ideia não expressa apenas uma figura, mas uma realidade. Não se trata de romantismo, mas de uma ligação espiritual e física, passando o casal a ser reconhecido como um único ser diante de Deus, uma só carne. É um ser vivo constituído de dois, mas que se expande agregando outros, que são os filhos. O ser humano foi criado para relacionamentos, não apenas a família de sangue, mas a família de Deus. Desde o início, o status de Adão era “filho de Deus”. Com a humanidade, o Criador pretendeu constituir uma família humana, criada à sua imagem, conforme sua semelhança, pois um dia também assumiria aquela forma. Um dia, Deus haveria de ser homem também. Por isso, criou um ser compatível consigo mesmo, o que se deu na encarnação, no nascimento de Cristo. Essa é a base do verso epigrafado. É realmente bom e agradável viverem unidos os irmãos. Contudo, geralmente pensamos esta afirmação do ponto de vista de nossas sensibilidades. Colocando isso de outra forma, entendemos a afirmação como se expressasse a nossa percepção, ou seja, a nossa satisfação de estarmos juntos como povo de Deus. Certamente, essa não é uma ideia errada. Todavia, os conceitos daquilo que é “bom” e “agradável” ligam-se primeiramente a Deus. A união dos irmãos não é algo meramente humano, que alegra o coração do homem. Antes de mais nada, é algo que é aprovado por Deus e alegra a Deus. Há a chancela divina para o ajuntamento dos filhos de Deus. Compreendemos, então, que não se trata de um encontro de confraternização, um clube de afinidades, como parece ser o caso de algumas igrejas em nossos dias. Há algo sagrado no ajuntamento dos crentes. É a comunhão dos irmãos. No Novo Testamento percebemos que o próprio Cristo está presente na assembleia dos santos, que o Espírito Santo habita o Templo constituído por todos os salvos. Devemos compreender, então, que aquilo que caracteriza esse ajuntamento é a santidade, a obediência. A queda trouxe uma ruptura na alma do homem. Criado à imagem e semelhança de Deus, é, por assim dizer, seu reflexo. Abandonando o Criador, o ser humano abandona o seu referencial. Aquilo que mostra a lisura e a santidade dos momentos de ajuntamento é a compatibilidade dos seus integrantes com aquele que os criou. Seguindo a voz do diabo, o homem despertou em si o desejo pelo que é diferente de Deus: o pecado. Não só isso, mas passou a gostar de comportamentos diferentes daqueles que são vistos no Senhor. No Éden, o ser humano tinha prazer apenas no que é agradável a Deus. Agora, no pecado. Houve um descolamento do bem, daquilo que é correto, do bom, daquilo que é aprazível. O grande desafio do crente é unificar novamente os dois conceitos, passando a se agradar apenas do bem, jamais do pecado. Deus realmente aprova e se alegra com o ajuntamento dos crentes, porém, desde que haja ali santidade. Caso contrário, ser-lhe-á algo mau e desagradável, ainda que os que se reúnam se chamem a si mesmos de crentes e estejam se refestelando naquilo que estão fazendo. A verdadeira alegria está em Deus e naquilo que ele aprova. Não busquemos satisfação no pecado. Ela não apenas é passageira, mas escravizante, resultando sempre decepção e vazio. Apenas as coisas aprovadas constroem e fortalecem o ser humano. Às vezes, a falta de alegria de um chamado crente é, na verdade, o resultado de pecados em sua vida, a tristeza oriunda do vazio de estar apegado a alguma coisa falsa e ilusória. Vivamos a exuberância da alegria em Cristo, na prática de todo bem. Seja isso que caracterize o ajuntamento dos crentes, não apenas nos momentos de cultos e outros trabalhos regulares da igreja, mas também nos encontros nos lares e nos lazeres. Tenha um excelente dia na presença do Senhor.
(By: Rev. Jair de Almeida Junior)

CONFISSÃO DE UM GRANDE HOMEM DE DEUS


Ele mesmo, porém, se foi ao deserto, caminho de um dia, e veio, e se assentou debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte e disse: Basta; toma agora, ó Senhor, a minha alma, pois não sou melhor do que meus pais." (1 Reis 19:4)

Esse texto apresenta a confissão de um grande homem de Deus, profeta Elias, - “não sou melhor do que meus pais”. Ela é bem entendida quando lemos esse verso junto dos primeiros: “Acabe fez saber a Jezabel tudo quanto Elias havia feito e como matara todos os profetas à espada. Então, Jezabel mandou um mensageiro a Elias a dizer-lhe: Façam-me os deuses como lhes aprouver se amanhã a estas horas não fizer eu à tua vida como fizeste a cada um deles. Temendo, pois, Elias, levantou-se, e, para salvar sua vida, se foi, e chegou a Berseba, que pertence a Judá; e ali deixou o seu moço. Ele mesmo, porém, se foi ao deserto, caminho de um dia, e veio, e se assentou debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte e disse: Basta; toma agora, ó Senhor, a minha alma, pois não sou melhor do que meus pais” (v.1-4).
Elias, homem de Deus (17.24), o homem mais destemido apresentado nas Escrituras, que nalguns minutos/horas atrás havia derrotado os quatrocentos profetas de Baal. Elias, ele mesmo que não deixara o rei Acabe pecar em paz, ao ponto de ser taxado de o “perturbador de Israel” (18.17), agora ei-lo aqui, fugindo da ameaça de uma mulher, Jezabel. Esse é um dos relatos mais incongruentes nas Escrituras: como alguém que enfrentou os quatrocentos profetas de Baal sozinho, e saiu vitorioso sobre eles, agora foge a ameaça de uma mulher? “Apesar de o Senhor ter mostrado ser Deus sobre Baal, Elias estava fugindo da perseguição de Jezabel. O grande homem de Deus estava deprimido por causa da ameaça de uma mulher.
Isso parece inconcebível. No entanto, não é. Quando examinamos a confissão de Elias ("não sou melhor que os meus pais”), entendemos o porquê dele se achar assim. Tiago diz que “Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos” (Tg 5.17). Elias, aqui revela a fragilidade de um homem. A não ser que Deus capacite o homem, ele não pode fazer mais do que lhe é natural. Nossos temores revelam quem nós somos. Somos pó, frágeis, meros mortais. Toda valentia e destreza em nós é fruto da graça divina. Assim, como Paulo todo homem virtuoso e competente sempre diz: “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo” (1 Co 15.10).
Isso é, deveras, encorajador! Nós somos fortes em Deus. Nossa força vem de Deus. Por isso, Paulo poderia se gloriar em suas fraquezas, pois lhe foi ensinado que o “poder de Deus se aperfeiçoa nas fraquezas” do homem (2 Co 12.7-10). Estais fraco? Busque forças em Deus. Estais inoperante? Busque o auxílio divino. Busque sempre a graça de Deus sobre a sua vida.
Deus o abençoe!
(Kennedy Bunga)

A IGREJA DE CRISTO É TRIUNFANTE


“Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.” (Mateus 16.18)

Faz uns dois anos que recebi convite de um amigo para ser um dos preletores de uma conferência numa determinada igreja. O tema da conferência era “A Vinda De Cristo: os sinais e apostasia da Igreja”. O subtema “sinais e apostasia da igreja” me soou muito estranho. Humildemente sugeri uma mudança no subtema, após ter apresentado a razão disso. Troquei a palavra “apostasia da Igreja” pela “apatia da Igreja”. A razão dessa defesa se acha na promessa do texto acima. Apoiados em outros textos da Bíblia, podemos dizer que apatia da Igreja é possível, mas com base no texto acima, que sua apostasia é impossível.
O texto acima apresenta uma Igreja triunfante. Cristo, o Senhor, diz que Ele mesmo edificará a sua Igreja. Nenhuma artimanha maligna destruirá a igreja. Quando olhamos para a História da Igreja, vemos inúmeros planos traçados para a destruição da Igreja. No entanto, todos os esforços se tornaram vãos. Tentou-se acabar com a Igreja por diversos métodos cruéis de martírio. Mas tão logo tiveram de parar, pois perceberam que "o sangue dos mártires é a semente da igreja”, como bem disse Tertuliano. Até hoje, nos diversos países comunista, o evangelho tem prosperado, e a Igreja tem se mantido firme e forte na devoção a Cristo.
Caríssimos irmãos, a Igreja de Cristo é triunfante. Àqueles que fazem parte do movimento dos desigrejados certamente falham em atentar para isso. Como eles podem dizer, motivados pela decepção pelas práticas antibíblica das igrejas nas quais foram membros, que a Igreja se apostatou?! Como eles conseguem afirmar isso?! Qual Igreja se apostatou, “a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue” (At 20.28)?!
Não meu caro irmão, a Igreja de Cristo é Triunfante. Reconheço que muitas igrejas locais se apartaram da verdade (e precisam retornar), mas não generaliza o caso. A Igreja pela qual Cristo morreu é conduzida em triunfo. Ela jamais se apostata. Aquelas que se desviam sem retorno provam não pertencerem a Cristo (1 Jo 2.19). Mas a Igreja, o conjunto dos redimidos por Cristo, permanece firme e forte na devoção a Cristo. Precisamos ressaltar que é possível a apostasia de uma igreja local. Mas, a apostasia da igreja universal (Hb 12.22-23) é um caso impossível. A igreja universal segue triunfantemente. “Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”, é a promessa d’Aquele que morreu pela sua amada Igreja. Ame a igreja local, ore por ela e trabalhe para o bem dela. Essa é a marca do membro da igreja universal.
Deus o abençoe!
(Kennedy Bunga)

O LOUVOR DA MULHER VIRTUOSA


“Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor muito excede o de finas joias. Enganosa é a graça, e vã, a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada." (Provérbios 31.10,30)

Vivemos em uma sociedade de valores invertidos (senão que perdidos). Valorizamos a beleza exterior menosprezando a interior. Quando olhamos para uma mulher, tendemos a dizer: que mulher bonita! Nada há de errado em reconhecer a beleza de uma mulher; a própria Bíblia faz isso inúmeras vezes (p.ex.: Gn 12.11,14; 29.17; 1 Sm 25.3; 2 Sm 11.2; Ct 4.7; 7.6). Errado é a elevação da beleza de uma mulher desconsiderando a virtude.
Provérbios 31.10-31 se dedica a louvar a mulher virtuosa. O texto é um contraste de Provérbios 5-7. Nos caps. 5-7 apresenta a mulher a fugir, enquanto que no cap. 31 descreve a mulher a abraçar. O texto é um poema acróstico, poesia hebraica que começa cada estrofe (de um versículo) com as letras sucessivas do alfabeto hebraico (o nosso A-Z). Essa forma literária hebraica visava não somente facilitar a memorização, mas também apresentar a perfeição do assunto a tratar. Provérbios 31, um escrito de sabedoria, nos admoesta a amar não cegamente, mas conscientemente. Não devemos nos interessar a casar com uma mulher motivados apenas pela sua aparência física. “Enganosa é a graça, e vã, a formosura” (v.30). O texto é uma exortação indireta a não se casar com uma alma feia por causa de um corpo bonito (Richard Baxter). Ela nos ensina que “uma bela mulher é uma pessoa, não um corpo” (John Piper).
Tenciono neste post fazer uma convocação as nossas queridas irmãs a cultivarem a virtude. “Não seja o adorno da esposa o que é exterior, como frisado de cabelos, adereços de ouro, aparato de vestuário; seja, porém, o homem interior do coração, unido ao incorruptível trajo de um espírito manso e tranquilo, que é de grande valor diante de Deus. Pois foi assim também que a si mesmas se ataviaram, outrora, as santas mulheres que esperavam em Deus, estando submissas a seu próprio marido, como fazia Sara, que obedeceu a Abraão, chamando-lhe senhor, da qual vós vos tornastes filhas, praticando o bem e não temendo perturbação alguma” (1 Pe 3.3-6). Irmãs, cultivem a virtude! Pois, a beleza para pouco aproveita, mas a virtude para tudo é proveitosa, porque tem a promessa do louvor do tempo presente e do futuro (v.30). Fiel é este conselho e digno de inteira aceitação.
De igual modo, exorto aos homens a que busquemos em uma mulher a virtude de uma auxiliadora idônea. Que nos unamos ao personagem-esposo de Provérbios 31 e louvemos nossa esposa, dizendo: “Muitas mulheres procedem virtuosamente, mas tu a todas sobrepujas” (Pv 31.28,29). Que as palavra de Billy Graham, “quando se trata de coisas espirituais, a minha mulher é a minha maior influência”, sejam possíveis de serem proferidas por ti em tratando-se da sua namorada, noiva ou mulher.
Deus o abençoe!
(Kennedy Bunga)

QUANDO O SABER ENSOBERBECE


“...O saber ensoberbece, mas o amor edifica.” (1 Coríntios 8.1)

“O saber ensoberbece”, é uma frase bem conhecida e geralmente muito mal empregada. Geralmente as pessoas pegam esse texto para sustentar a ideia de que o cristão não precisa ter muito conhecimento, quer dos assuntos teológicos como acadêmico científico.
Conquanto isso seja verdade, que o saber ensoberbece, Paulo em nenhum momento incentivou a negligência do saber. Pelo contrário, ele mesmo um grande erudito, suas cartas estão cheias de exortação a crescer na graça e conhecimento de Cristo e deixar de ser neófito na fé (p.ex.: Ef 1.15-22; 1Tm 4.13-16; 2 Tm 2.15; 3.14-17). Tais passagens, portanto, rebatem tal conceito.
No entanto, o princípio geral ainda permanece: “o saber ensoberbece”. Vale apenas notar que o saber em si não é um mal, mas quando mal empregada ela realmente ensoberbece. O saber ensoberbece quando não a direcionamos para a doxologia (referente a adoração, glorificação de Deus).
Aprender por aprender ensoberbece o coração humano. Diferente dos ímpios o cristão deve aprender para adorar. O cristão deve buscar conhecer a fim de reverenciar. A busca do conhecimento por parte do cristão, quer teológico ou científico, difere em grande escala da busca dos ímpios. O conhecimento para o cristão não é um fim em si, mas um meio para algo maior. Enquanto os ímpios buscam o conhecimento meramente para compreender, os cristãos a buscam para reverenciar. Os ímpios a buscam para o encantamento, os cristãos a buscam para adorar. Assim, a busca por parte do cristão por conhecimento deve ter um fim doxológico. O saber deve nos levar a doxologia.
Portanto, saiba encaminhar o seu saber. Busque saber para reverenciar. Busque conhecimento para adorar. Como apóstolo Paulo, prostre-se sempre ante a sobre-excelente sabedoria e conhecimento de Deus e adore: “Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído? Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Rm 11.36-36).
Deus o abençoe!
(Kennedy Bunga)

O SENHOR É O MEU PASTOR

“O Senhor é o meu pastor; nada me faltará.” (Salmos 23.1)

Não é sem razão que o Salmo 23 é um dos Salmos mais amado pelo povo de Deus. Pois ela trata do cuidado do Senhor para com seu povo. É maravilhosa a afirmação apresentada nesse verso. Poderíamos dizer que o verso 1 desse Salmo resumo os restantes versos da mesma. Pois, nos restantes dos versos somos ensinados que o Senhor é o Pastor que está conosco: 1) nos dias normais (v.2-3) e 2) nos dias difíceis (v.4-5). A expressão “O Senhor é o meu pastor” apresenta “aquele que está me pastoreando, enfatizando sua atividade constante”.
A declaração “O Senhor é o meu pastor” leva necessariamente a afirmação “nada me faltará”. O ensino do texto é que o Senhor não nos deixará faltar nada que nos é necessário à vida. E isso deve ser entendido em todas as áreas do nosso viver. Devido à má aplicação desse texto faz-se necessário dizer que o texto não está dizendo que nada, absolutamente nada, que desejamos nos faltará. Pelo contrário, ela apresenta uma garantia de que o Senhor que é o nosso Pastor se encarregará em cuidar de nós em todas as coisas necessárias à vida. A declaração do texto é que sempre teremos do Senhor aquilo que ele acha necessário e suficiente em cada momento de nosso viver. O Senhor Jesus nos ensina isso ao tratar do cuidado providencial de Deus em Mt 6.25-34. Ali o Senhor diz que “vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas.” Portanto, nas palavras do saudoso R. C. Sproul, “Deus supri as necessidades, mas nem sempre os caprichos.”
Essa verdade certamente não deve estimular à ociosidade. A ordem das Escrituras permanece: “No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra” (Gn 2.19). Devemos Orar e Labutar; usar a boca para orar e as mãos para trabalhar. E certamente Deus abençoará as obras de nossas mãos na proporção de sua graça para com cada um de nós. Entretanto, essa é a promessa que temos d’Ele - Ele cuida de nós.
Confie em Deus que é o seu Pastor. Ele tem cuidado de você. Espere contra a esperança; olhe em Deus e não nas circunstâncias. Estou mais do que convicto que “um dia, veremos que nada - literalmente nada - que poderia ter aumentado a nossa felicidade eterna nos foi negado e que nada - literalmente nada - que poderia ter reduzido essa felicidade foi deixado conosco" (J. I. Packer).
Deus o abençoe!
(Kennedy Bunga)

O PAPEL DA MÚSICA NO CULTO

É lamentável quando olhamos hoje para os cultos de muitas igrejas. Os cultos em muitas igrejas bem poderiam ser chamados de show’s e não culto. Em muitas igrejas a música tem o papel atrativo, serve para a diversão da carne, não a edificação da alma. Há uma grande dicotomia em nossa igreja no que tange aquilo que cantamos em comparação ao que professamos.
A música no culto nunca é um passatempo. No culto, a música tem duplo papel: glorificação e edificação. Cantamos para a glória de Deus e edificação do povo de Deus (Cl 3.16). A música no culto serve para exaltar a perfeição de Deus, e nisso, contemplamos a nossa imperfeição. O culto tem duas direções: uma vertical e outra horizontal. A direção vertical visa a glorificação de Deus; a horizontal a edificação do povo. No culto, a música não tem o papel de recreação.
Isso nos leva a ponderarmos a importância do conteúdo da música no culto. Importa que cantemos a nossa fé. A letra da música deve ser uma serva do texto. Martinho Lutero dizia que o papel da música é levar o texto bíblico ao povo. O texto é que importa, não a música. A música precisa necessariamente revelar o texto sagrado. Uma música pode ter uma boa melodia, mas se ela não apresenta o texto da Palavra ela não deve ser cantada. Deveríamos nós comer um prato envenenado só porque ela está bem decorada? Imagino que não.
Em nosso culto devemos cantar a nossa fé, cantar as lições da Palavras de Deus, cantar nosso encontro com Cristo, nossa vida comunitária, nosso crescimento, nossas lutas e perplexidades, nossa confiança e esperança. Em nosso culto devemos não somente pregar a Palavra, orar a Palavra, também devemos cantar a Palavra. Precisamos urgentemente ser uma igreja centralizada na Palavra. Que as músicas cantadas em nosso culto reflitam a fé que professamos. Cantemos as Escrituras, cantemos a Palavra.
Deus o abençoe!
(Kennedy Bunga)

JESUS, O MESSIAS PROMETIDO

“Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.” (Mateus 1.1)

O Evangelho segundo escreveu apóstolo Mateus é o meu livro favorito sobre a narrativa da vida e obra do Senhor Jesus, os evangelhos. Sou um grande apreciador desse evangelho. Esse evangelho está repleto de citações do Antigo Testamento, atestando Jesus ser o Messias prometido por Deus. Ela contém cerca de 60 citações do Antigo Testamento, provando ser Jesus o Messias prometido.
Um meu mui amado amigo, cuja pessoa me é um Onésimo (útil), não achava importante ler as genealogias. Em suas meditações diárias ele sempre pulava essa parte. Se esse também é o seu pensamento certamente estais muito enganado. As genealogias nos são muito importantes. Elas ensinam e edificam. Por elas podemos traçar a árvore genealógica das personagens da bíblia.
Eis a preocupação de Mateus, se quiser provar a legítima descendência de Jesus, começar seu evangelho traçando a árvore genealógica de Jesus desde Abraão, por meio de quem Israel veio a ser uma nação, mostrando ser ele o “Herdeiro das promessas da aliança e Mediador da bênção às nações” (Ver Gn 12.1-7 cf. Gl 3.16). Essa genealogia é projetada para documentar as credenciais de Jesus como o Rei de Israel, e o restante do livro caminha nessa direção, completando o tema introduzido aqui. Mateus mostra que Jesus é o herdeiro da linhagem real, por isso Ele é, segundo a carne, filho de Davi (Mt 20.30; Ver Gl 3.16 cf. Gn 12.7). Ele demostra que Jesus é o cumprimento de dezenas de profecias do Antigo Testamento quanto ao rei que viria (Mt 21.1-11). Ele oferece evidência após evidências para estabelecer a prerrogativa real de Jesus. Os demais temas do livro, tanto históricos como teológicos, giram em torno desse mesmo assunto: Jesus, o Messias Prometido.
Assim, temos nesse evangelho provas incontestáveis de ser Jesus não um impostor, mas o verdadeiro Messias prometido no Antigo Testamento. Eis aqui “o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi” (Ap 5.5 cf. Gn 49.9-10). Eis aqui “a Raiz e a Geração de Davi, a brilhante Estrela da manhã (Ap 22.16 cf. Is 11.1).” Eis aqui o seu legítimo Salvador, “Rei dos Reis e Senhor dos Senhores (Ap 19.16)”. Eis aqui Jesus, o Messias Prometido por Deus para ser o nosso Profeta, Sacerdote e Rei. Confie n’Ele para sua salvação e viva para Ele para a sua plena satisfação.
Deus o abençoe!
(Kennedy Bunga)

QUER CASAR? ENTÃO PRESTE ATENÇÃO!

O casamento é uma instituição divina e é para a vida toda. Por esta razão, escolher a pessoa com quem partilhar toda a vida, é uma decisão por demais importante e neste quesito, muitos têm naufragado. Pretendo, de forma objectiva, ajudar os jovens(moços e moças) neste processo a fim de minimizar a possibilidade de erro.
Sou apologista dos casamentos a moda antiga, em que os pais escolhiam esposas para seus filhos. Naquele tempo, havia maior respeito, seriedade, compromisso e o índice de divórcio era bastante reduzido. Já hoje, que tristeza!
Extraímos do texto de Gênesis 24.1-67, orientações importantes numa perspectiva bíblicas e considerando alguns aspectos da cultura africana. O capítulo narra o momento em que o patriarca Abraão, já avançado em idade, manda seu servo arranjar esposa para seu filho Isaque. Uma tarefa aparentemente fácil, porém, complexa. E por esta razão, o servo devia seguir arrisca a orientação de seu senhor. O texto oferece-nos orientações preciosas que nos podem ajudar a enfrentar o mesmo desafio nos nossos dias, pois a palavra de Deus é viva e actual. Espero poder ajudar.
(1) Peça e considere a opinião de seus pastores, dos mais velhos e, especialmente, de seus pais, sobre a pessoa com quem pretendes namorar, antes de tomar qualquer decisão (Gn 24.1-3,7). Digo isto por duas razões: Primeiro porque eles te amam, querem sempre o melhor para ti, têm mais experiência, o que lhes permite perceber situações que por conta da emoção não consegues enxergar. Segundo porque ouvir os pais, líderes da igreja e mais velhos (que analisam os factos a luz da Bíblia), é uma maneira de conhecer a vontade de Deus para nós.
(2) O casamento é uma união mística entre pessoas de sexos diferente, um homem e uma mulher. Este é o padrão. “[...] tomarás esposa para Isaque, meu filho [...]” (v. 4). “E a costela que o SENHOR Deus tomara do homem, transformou-a numa mulher e lha trouxe. Por isso deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” (Gn2.22,24). Tenha cuidado, Deus abomina qualquer prática homossexual.
(3) O Antigo e o Novo Testamento proíbem o jugo desigual. “[...] não tomarás esposa para meu filho das filhas dos Cananeus [...]( v. 3). “Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos: porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniquidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas?” (v. 2 Co 6.14). Leia também Deuteronômio 7.1-4. Crente casa com crente, filho (a) de Deus casa com filha (o) de Deus, este é o mandamento de Deus para seu povo. Admira-me, com muita tristeza, a inclinação dos jovens crentes em namorar e casar com pessoas não crentes. Não cometa esse erro.
(4) E se as coisas não tomarem o rumo que desejo? E se na igreja não tiver jovem para casar, posso procurar fora? Não, não pode. Esta foi também a preocupação do servo de Abraão e a resposta deste para o servo é: “Cautela” (v. 6). É como se Abraão dissesse ao seu servo o seguinte: “rapaz, casamento é coisa seria e é vitalício, tenha cuidado”. Não se desespere, nestes casos, continua a confiar e esperar no SENHOR (v. 7). As coisas sempre acontecem no tempo de Deus. Seja crente e espere.
(5) Ore e persista na oração intencional e incessante. Aprende a depender de Deus (v. 10-14).
(6) Fique atento, preste bastante atenção e observe o comportamento, as conversas e as atitudes dele (a). Não ignore tais detalhes. Deus falará contigo confirmando ou não as suas intenções (v. 21).
(7) Procure conhecer os pais, a família da(o) jovem com quem pretendes namorar para casar, para saber os hábitos e costumes daquela família. Para nós africanos, isso é extremamente importante, porque casamos, não só com a moça (o), mas, também, com a família dela(e) (vvs. 23-25). Convém saber se nossa família será bem recebida pelo outro lado.
(8) Se estiveres convicto de que encontraste a pessoa certa para casar, pela benevolência do SENHOR, louve-O glorifique o nome dEle. Seja grato a Deus pelo resto de sua vida (vvs. 26,27; Pv 18.22). Esposa é uma presente divino, a manifestação da graça de Deus para nós.
(9) Feito isto, e com seu coração grato e regozijado, vá com seus pais a casa dos pais da moça cumprir os deveres. Faça a apresentação, o pedido e o alambamento e, posteriormente, casa-se com ela (vvs. 28-67). Não é certo que o jovem crente viva com a filha alheia sem cumprir os deveres, é pecado.
(10) Faça tudo “segundo a palavra do SENHOR” (v. 51b). Não dependa de suas convicções, esperteza, intuições. Não confie no seu coração, ele é enganoso. Dependa de Deus e de sua palavra, porque fazendo assim, obterás a bênção dEle e de seus familiares (v. 60). As Sagradas Escrituras são para nós o único meio de fé e prática, significa que tudo que fizermos deve ter o respaldo bíblico.
(11) O casamento, segundo a Bíblia (Mt 19.3-9), é para a vida toda. Portanto, suportem-se um ao outro, até que a morte vos separe. Não vale pensar em separar. O casamento de Isaque e Rebeca não foi só um mar de rosas, tiveram lutas, tribulações, angústias, momentos de extrema dificuldade (leiamos a história da vida do casal), mas persistiram. Eles suportaram-se até que Deus os separou, por via da morte.
Espero ter ajudado. Seja corajoso, o Senhor te ajudará. Que Deus, em Cristo, te abençoe.
Por: Rev. André Pimpão
Pastor da Igreja Presbiteriana de Angola; Diretor do Seminário Teológico Presbiteriano "Rev. Neves Mussaqui"

DEUS É O SENHOR DA HISTÓRIA

"Estando eles ali, aconteceu completarem-se-lhe os dias, e ela deu à luz o seu filho primogênito, enfaixou-o e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria." Lucas 2:6-7

O registro da história do nascimento de Jesus Cristo claramente nos mostra que é Deus quem está no governo do mundo. Todas as circunstâncias para a viagem de José e Maria a Belém (v.1-5), e outras vividas lá (v.6-7), foram para que se cumprisse o propósito de Deus, Isto é, o nascimento de Jesus em Belém, em cumprimento à profecia registrada no livro do profeta Miqueias - "E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade" (Mq 5:2).
Essa narrativa nos ensina que Deus realiza seus propósitos por meio dos grandes e pequenos acontecimentos no mundo. Por meio de um decreto nunca outrora realizado, José tinha de voltar à sua cidade natal para registrar-se. Mas por que tinha de levar a Maria, sua esposa, uma vez que esta se achava grávida, faltando pouco para dar à luz, e uma vez que essa viagem é longa e difícil, sem caro como hoje temos (Galileia dista de Belém uns 2 a 3 dias de viagem)? Além da conjuntura que se tem feito, a de que José não queria deixar Maria sozinha na Galileia, há a questão histórica e cultural mais convivente de que a ida de Maria a Belém, também sua terra natal, era uma ordem (não opção), uma vez que em todas as províncias romana, apenas a província da Síria, a qual Israel na época estava sobre jurisdição, tinha a lei da mulher também se alistar após os 14 anos de idade, afim de pagar impostos.
Todos esses acontecimentos não foram casualidade. Eram as mãos providenciais de Deus guiando todas as coisas para que seu Filho nascesse exatamente no lugar outrora profetizado. Aqui vemos Deus realizando seus propósitos por meios dos grandes (o decreto de César Augusto) e pequenos acontecimentos da história (a lei exclusiva a província da Síria e a falta de hospedaria na cidade). Tais acontecimentos mostra Deus realizando todas as coisas.
Concluímos então que nada acontece por sorte ou acaso. Deus não se aproveitou do decreto de César Augusto e a lei da província da Síria para que Jesus pudesse nascer em Belém em cumprimento à profecia. O decreto de César e a lei da Síria na verdade foram decretos originalmente por Deus antes do tempo. Assim, estejamos certos de que tudo quanto acontece Deus não somente sabia, como também decretou que acontecesse (aqui reside uma das grandes dificuldades de compreensão, e lhe convido a se aprofundar no assunto, estudando sobre os Decretos de Deus e sua Providência). A presente situação da pandemia do Covid-19, a eleição de um presidente, seja ele bom ou mal, a morte de um entiquerido, a perda de alguém que amamos, os sofrimentos em nossa vida, bem como os pequenos acontecimentos do nosso dia a dia é Deus guiando tudo, por meio da sua providência. Nelas há a Soberania de Deus em tudo, embora o homem não perde a responsabilidade por suas ações (estude também A Soberania de Deus e a Responsabilidade Humana).Os teólogos estão tão certos quando dizem: “O mundo é um teatro de Deus”. Conceito esse que, aliás, nos remete as palavras de Paulo em 1 Coríntios 4:9: "...porque nos tornamos espetáculo [no grego "θέατρον", teatro] ao mundo, tanto a anjos, como a homens."
Portanto, ainda que em situações que não entendemos, pois existem muitas dessas (Dt 29:29), estejamos certos de que nada foge do controle e governo de Deus. Em cada situação lembre-se de ser Deus o Senhor da História. Portanto, confie e descanse.
Deus o abençoe!
(Kennedy Bunga)