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quinta-feira, 23 de julho de 2020

A PEDAGOGIA DA GRAÇA

“Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente” (Tito 2.11-12)

A carta de Tito muito se parece com a de Tiago em sua abordagem da relação que há entre fé e boas obras. Paulo nesta carta dá uma grande ênfase nas boas obras como comportamento que se espera de pessoas redimidas por Cristo (1.16; 2.7, 14; 3.1,5,8,14). Para Paulo, a fé e a conduta cristã apropriadas andam lado a lado. Por isso, ele simplesmente não pode aceitar como crentes aqueles que “no tocante a Deus, professam conhecê-lo; entretanto, o negam por suas obras” (1.16).
A preocupação de Paulo com a conduta apropriada daqueles que professam a fé em Jesus está fundamentada na compressão que ele tem do poder transformador da graça de Deus (1 Co 15.10). Em todas as suas cartas, Paulo após apresentar a graça que nos foi dada em Cristo Jesus, ele trata das implicações disso naqueles que a recebem.
Em nosso texto, Paulo não foge à regra. Após instruir a Tito o modo a proceder (2.1,7-8), e falar da conduta que deve marcar o viver dos idosos (2.2-5), dos moços (2.6), e dos servos cristãos (2.9-10), ele apresenta, em nosso texto, a razão de assim proceder. Isso é mostrado pela conjunção coordenativa “Porquanto”, que inicia o verso 11. Assim, a razão para o viver apropriado daquele que professa a fé em Jesus é apresentada no nosso texto (na verdade, ela vai até o verso 14): “Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente.”
Aqui Paulo trata da “Pedagogia da Graça”, ou seja, a instrução que recebemos da graça. O verbo usado por Paulo, traduzida por “educando-nos" (“ensinando-nos”, na versão ARC) é do mesmo teor que o substantivo pedagogo. Um pedagogo é alguém que conduz as crianças passo a passo. Assim é a obra da graça, ela nos conduz e guia. Em termos gerais, o que Paulo nos apresenta aqui é que a graça nos ensina a vida santificada. Ele esboça isso em dois pontos, pelas quais nos deteremos.
Em primeiro lugar, Paulo diz que a graça nos ensina a renunciar o antigo modo de vida - “a graça de Deus se manifestou ... educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas”.
Quando somos alcançados pela graça necessariamente tem de haver mudança em nossa conduta, de modo que dizemos: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim” (Gl 2.20, ARC). Para ilustrar isso, vale apenas apresentar aqui a história de Agostinho de Hipona: Conta-se que Agostinho de Hipona antes de confessar a Cristo foi um homem imoral. Porém quando se converteu, um dia quando caminhava pelas ruas uma de suas antigas amantes o chamou: "Agostinho, Agostinho! Sou eu!" Entretanto, sem olhar para trás, ele acelera seu passo, enquanto a mulher continuava a persegui-lo gritando: “Agostinho!!! Agostinho, não me reconheces? Sou eu ... sou eu, sua amante de tantas noitadas!” Agostinho, fitando-a nos olhos diz emocionado: “Sim, de fato és tu, entretanto eu não sou mais eu. Agora Cristo vive em mim”. Assim deve ser o nosso proceder quando a antiga vida bater à porta do nosso coração.
Em segundo lugar, Paulo diz que a graça nos ensina a levarmos uma vida que glorifica a Deus - “a graça de Deus se manifestou ... educando-nos para que ... vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente.”
Para Paulo, não pode haver uma dicotomia entre fé e obras naqueles que professam serem alcançados por Cristo. É extremamente necessário que aqueles que confessam a Jesus com seus lábios, que o demostrem com suas práticas, pois uma vida santificada é melhor do que uma língua eloquente. A graça que nos foi dada nos ensina que “o Senhor Jesus não leva para o céu alguém que ele não tenha santificado na terra” (John Owen). Caso a graça tenha alcançado nosso coração, nossa vida será marcada de uma vida voltada para Deus, uma vida que procura glorificar a Deus em todas as coisas. Amaremos o que Deus ama e odiaremos o que Deus odeia.
Essa é a pedagogia da graça. Ela nos ensina uma vida santificada. Nos ensina a renunciar o antigo modo de vida, e a viver uma vida que glorifica a Deus. Nos ensina a proceder de acordo com a fé que professamos. Nos ensina a fugir de toda aparência do mal, e sermos um povo zeloso de boas obras.
(Kennedy Bunga)

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