O movimento Reformado tem sua data de celebração em 31 de outubro de 1517. No entanto, precisamos estar cientes que esse movimento começara bem antes dessa data. Bem antes de Lutero, Zuínglio e Calvino, homens como John Wycliffe, John Huss, e Jeronimo Savonarola já haviam empregado tentativas de reforma interna. Não é sem razão que a história os denomina de “Precursores da Reforma”.
O movimento reformado surgira da insatisfação de ver na Igreja dogmas e práticas que não eram de conformidade com as Escrituras. Além das tradições que a Igreja Católica Romana estabeleceu em pé de igualdade com as Escrituras, ela colocou um número sem conta de elementos estranhos na liturgia, como orações pelos santos, e muitas outras práticas que iam contra as Escrituras. A Igreja havia se apartado dos padrões do Novo Testamento. O movimento reformado foi, portanto, uma tentativa de voltar à pureza original do Cristianismo do Novo Testamento. “Os reformadores estavam interessados em desenvolver uma teologia que estivesse em completa concordância com o Novo Testamento; eles criam que isso seria possível a partir do instante em que a Bíblia se tornasse a autoridade final da Igreja” (Earle Cairns, O Cristianismo Através dos Séculos, p.250). Reforma, portanto, como o próprio termo indica, é voltar a forma original.
No entanto, a Reforma não terminou com Lutero, Calvino ou os Puritanos. Reforma é uma prática constante da Igreja. Há uma necessidade constante de Reforma na Igreja, uma vez que, usando as palavras do Rev. Augustus Nicodemus, “a Igreja de Cristo tende sempre a se deformar.” Essa é a razão, em parte, do slogan “Ecclesia Reformata et Semper Reformanda Est” (Igreja Reformada Sempre se Reformando). No entanto, para que não caiamos na ideia de uma reforma arbitraria, é necessário completar a frase dizendo: "ecclesia reformata, semper reformanda secundum verbum Dei" (igreja reformada, sempre se reformando segundo a Palavra de Deus), pois a reforma deve estar baseada nas Escrituras, a nossa única regra de fé e prática. Ela é “o Juiz Supremo, pelo qual todas as controvérsias religiosas têm de ser determinadas e por quem serão examinados todos os decretos de concílios, todas as opiniões dos antigos escritores, todas as doutrinas de homens e opiniões particulares, o Juiz Supremo em cuja sentença nos devemos firmar não pode ser outro senão o Espírito Santo falando na Escritura” (CFW I.X).
A Reforma não é, portanto, um movimento que deve ficar apenas na história. Ela é passada, presente e futura. Há sempre a necessidade de reformamos nossa vida e igreja quando nossas práticas não estiverem em conformidade com a Palavra de Deus. As eventuais mudanças devem ser feitas de modo a conduzir a doutrina, piedade e prática da igreja em conformidade com aquilo que Deus prescreveu em sua Palavra. Nosso culto, música e pregação devem ser conforme expresso na Palavra de Deus. Nossa vida conjugal, social e profissional deve ser conforme a vontade de Deus expressa em sua Palavra.
Embora sejamos anões entre os gigantes da Reforma, reconhecendo que nascemos ontem e nada sabemos, humildemente “convocamos a igreja, em meio à nossa cultura moribunda, para que se arrependa do seu mundanismo, para que recupere e confesse a verdade da Palavra de Deus como fizeram os Reformadores, e para que veja essa verdade incorporada na doutrina, no culto e na vida.”
Por: Kennedy Bunga – membro da Igreja Presbiteriana de Angola; bacharelando em Teologia no Seminário Teológico Presbiteriano “Rev. José Manoel da Conceição” (Brasil).
RECOMENDAÇÃO DE LEITURA:
1 - LINDBERG, Carter. História da Reforma. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2017.
2 - BOYCE, James Montgomery; SASSE, Benjamim. Reforma Hoje. SP: Cultura Cristã, 2017.

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