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quinta-feira, 23 de julho de 2020

ELEIÇÃO INCONDICIONAL


Este é um assunto de extrema importância. No entanto, muitos pastores e missionários, até mesmo dentre os que fazem parte de uma igreja de “tradição reformada/calvinista”, evitam falar de assuntos como esse, com a desculpa “ecumênica” de que estas doutrinas só trazem divisões e não edificam ninguém. Nós, pensamos que assuntos como esse são de extrema importância, pois se está registrado nas Escrituras, “para o nosso ensino foi escrito, afim de que, pela paciência e consolação dela, tenhamos esperança” (Rm 15.4).
I- Ao tratar sobre este tópico, pretendo, em primeiro lugar, definir o que é o arminianismo, e assim mostrar a posição herética deles sobre esse assunto. Nas palavras de um teólogo deles, Roger E. Olson: “O arminianismo é a crença de que Deus genuinamente quer que todas as pessoas sejam salvas e que enviou Cristo para viver, morrer e ressuscitar igualmente para todos. É a crença de que Deus não salva as pessoas sem o livre-consentimento delas, mas que as concede graça preveniente (graça que vem antes e prepara) para liberar suas vontades da escravidão do pecado e torná-las livres para ouvir, entender e responder à chamada do evangelho. É a crença de que a graça de Deus é sempre resistível, e a eleição para salvação — predestinação — é condicional: Deus decreta que todos os que creem serão salvos e conhece de antemão os que crerão” (Arminianismo: Perguntas Frequentes).
Se não ficou claro, então atente para a seguinte ilustração: Deus na eternidade olha para o futuro, no ano de 2020. E lá da eternidade, vê que o Luciano irá crer em Cristo, então o elege para a salvação, exatamente porque Deus olhou no futuro e viu que o Luciano creria. Alguns arminianos modernos afirmam que não há eleitos, há somente a possibilidade de qualquer pessoa se tornar um eleito. Ou seja, o Luciano será um eleito caso ele usando seu livre-arbítrio exercer fé em Cristo, pois a eleição é condicional a fé. Esta é a heresia arminiana.
II- Agora, pretendo mostrar a doutrina Bíblica sobre eleição conforme apresentada nos Cânones de Dort. A Eleição Incondicional: “A causa desta eleição graciosa, é somente o bom propósito de Deus. Esse bom propósito, não consiste no facto de que, dentre todas as condições possíveis, Deus tenha escolhido certas qualidades ou ações dos homens como condição para a salvação. Mas esse bom propósito consiste no facto de que Deus adotou certas pessoas dentre a multidão inteira de pecadores para ser sua propriedade em amor” (Ef 1.1-14). A doutrina chama-se incondicional, pois como estamos mostrando, não está condicionada em nenhuma ação feita pelos homens, nem boas obras e nem fé. Absolutamente em nada.
A suposta fé apresentada pelo arminianismo é gerada no coração humano por vontade própria. Entretanto, a Escritura nos diz que Jesus Cristo é o autor e consumador da nossa fé (Hb 12.2). A palavra “autor”, nesse verso, significa literalmente “criador, aquele que cria e mantém”. E como já foi demonstrado, impossível prever algo bom no homem visto também que ele está verdadeiramente morto em seus pecados e delitos. Portanto, é equivocada a ideia de que a fé nasce no coração do homem tendo como criador ele mesmo. Amados, Jesus é o autor da fé, e é Ele mesmo quem consuma essa fé. Se você confiou em Cristo, não se glorie pensando que fizeste bom uso do seu livre-arbítrio, mas glorifique a Deus porque Ele antes da fundação do mundo te escolheu não porque previu algo bom em você como a fé, mas somente pela sua soberana vontade em amor. A predestinação para a salvação, ao contrário do que muitos pensam ser uma injustiça, é na verdade uma demonstração do amor soberano. Deus tem misericórdia de quem quer e também endurece a quem lhe apraz. YAWEH “vive para sempre, porque o seu domínio é domínio sempiterno, e o seu reino é de geração em geração. E todos os moradores da terra são reputados em nada, e segundo a sua vontade Ele opera no exército do céu e entre os moradores da terra, não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: que fazes?” (Rm 9.18; Dn 4.34-35).
O homem é salvo unicamente pela graça mediante a fé, e no que diz respeito a isso, a Escritura afirma: “e isto [a salvação pela graça mediante a fé] não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2.8-9; cf. Fp 1.21). Saber que Deus simplesmente poderia ter-nos deixado em estado de queda para sofrermos a merecida ira eterna, mas que, em seu amor soberano, nos predestinou para sermos seus filhos por meio de Jesus Cristo, é motivo suficiente para vivermos uma vida de santidade e alegria em amor para o louvor da glória de Sua graça. “Trinitatis Soli Deo Gloria”.

Por: Agostinho Neves Cambele - membro da Igreja Presbiteriana de Angola; bacharelando em Teologia no Seminário Teológico Presbiteriano Reverendo José Manoel da Conceição (IPB).
RECOMENDAÇÃO DE LEITURA SOBRE O ASSUNTO:
1- Os Cânones de Dort. Disponível em <http://www.monergismo.com/textos/credos/dort.htm>
2- HORTON, Michael. A favor do Calvinismo. SP: Editora Reflexão, 2014.

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