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quinta-feira, 23 de julho de 2020

EXPIAÇÃO LIMITADA


“E ela dará à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1:21, ARC)
A obra da cruz de Cristo é maravilhosa, ela traz paz, segurança e felicidade.
O pecado do homem é uma transgressão, dívida, ofensa contra Deus que merece a punição eterna, que homem nenhum suportaria. E para que o pecador seja salvo dessa ira, Deus em seu amor soberano providenciou aquele que seria e foi o sacrifício que levaria e levou o castigo da Sua ira, e pagou totalmente a dívida do pecador, deixando-o a salvo da ira e livre da dívida para sempre. Este é Cristo Jesus.
E neste texto, queremos responder a seguinte questão: por quem Cristo realizou a obra da salvação na cruz? Pois essa pergunta resume a discussão em torno dos termos expiação limitada e expiação ilimitada. Ou seja, Cristo morreu para salvar eficazmente alguns (seu povo) ou Cristo morreu para possibilitar a salvação de todos sem excepção? E para isso consideremos o seguinte:
1°. A luz da Escritura não se deve pensar equivocadamente que Cristo morreu para possibilitar salvação, como alguns afirmam, dizendo que "a obra redentora de Cristo tornou possível que cada homem seja salvo, mas não assegura realmente a salvação de ninguém". [1] Porém, a Escritura é clara em afirmar que Cristo veio salvar e assegurar a salvação do seu povo e que de fato o fez. "Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido" (Lc 19:10); "que nos salvou e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos dos séculos" (2 Tm 1:9); "estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)" (Ef 2:5; ler também Hb 2:17; Tt 3:5).
2°. Conceito de expiação "Kaphar", traduzido como expiar, literalmente significa "cobrir por cima, esconder por encobrir por cima e de modo a não ficar visível". [2]
Teologicamente "expiação refere-se ao ato originado e finalizado em Deus pelo qual um judeu crente tinha (provisoriamente) a culpa e a penalidade dos seus pecados COBERTAS e a santa justiça de Deus satisfeita, através da confissão do pecado e do merecimento da penalidade, quando da execução da sentença sobre um adequado animal substituto que, em fé, o crente via como tipificando o sacrifício perfeito, único e definitivo do Cordeiro de Deus, que viria e TIRARIA o pecado do mundo."[3] (ver Jo 1:29)
"Ambos os bodes de Levítico 16 eram bodes expiatórios, ambos tipificavam Cristo e Sua obra expiatória: O bode morto (a porção de Jeová) tipificava esta obra no aspecto de Cristo ter sofrido a penalidade do crente em seu lugar, como seu substituto, e assim ter satisfeito a santidade e justiça de Deus conforme expressa na Sua lei [ler depois Rm 3:24-26]; O bode vivo tipificava a obra expiatória de Cristo no aspecto de para sempre ter afastado o pecado do crente da presença de Deus. Hb 9:26; ler depois: Rom 8:33-34." [4]
Claramente que a obra expiatória de Cristo, refere-se a uma obra vicária, ou seja, substitutiva, no lugar do outro. Com isso a pergunta que se segue é: quem Cristo substituiu na cruz? Todos os homens ou alguns?
Eis a resposta: “Tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mt 20.28). “Então, lhes disse: Isto é o meu sangue, o sangue da [nova] aliança, derramado em favor de muitos” (Mc 14.24). "Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim, assim como o Pai me conhece a mim, e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas” (Jo 10.14-15). “É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus. Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra” (Jo 17.9,20). “(...) Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela” (Ef 5.25). Bem, a lista é longa. Creio que estes textos são suficientes para dizer que Cristo tem um povo, uma igreja, pela qual Ele morreu em favor e no lugar dela e estes são todos os que creem. A expiação de Cristo é suficiente para salvar todo o mundo, mas ela é eficazmente aplicável ao povo eleito pelo Pai, ou seja, o número dos beneficiários é limitado.
Crer que Cristo morreu para salvar todos e que ainda sim, alguns irão para o inferno, é crer que Deus é injusto. Pois Ele iria cobrar novamente a dívida que já foi paga, e puniria o criminoso novamente, pelo crime já punido. E isso seria uma blasfémia, e por isso não se deve crer nisto.
O texto de 1 João 2:1-2 ensina que Cristo é o nosso advogado, porque Ele foi o sacrifício que eliminou a ira de Deus e satisfez a sua justiça (propiciação), não somente dos judeus (este é o significado de "não somente pelos nossos"), mas dos gentios também (este é o significado de "de todo o mundo”. A palavra mundo aqui não significa todos sem excepção, mas, sim, sem distinção; ler Ap 5:9)
Porque Cristo morreu para salvar o seu povo eleito, espalhado pelo mundo, devemos: (1) louva-lo pela salvação segura; (2) descansar Nele, fazendo boas obras, pois a salvação não depende de nós; (3) pregar aos perdidos do mundo todo, pois os eleitos estão por toda a parte.
Cristo tem um povo, por isso a Sua expiação é limitada a eles.

Por: Henrique Ntalulu - membro da Igreja Presbiteriana de Angola; técnico Médio em Desenho de Projeto - Construção Civil Designer; responsável de marketing (estagiário) da Sociedade Bíblica de Angola.
NOTA:
[1] STEELE, David N.; THOMAS, Curtis. Calvinismo Versus Arminianismo. [Revista Fé Para Hoje]
[3]- Idem.
[4]- Idem.
RECOMENDAÇÃO DE LEITURA SOBRE O ASSUNTO:
[1]- OWEN, John. Por quem Cristo Morreu? SP: PES, 2011
[2]- NASCIMENTO, Adão Carlos. Os Cinco Pontos Do Calvinismo. Disponível em <https://docplayer.com.br/4481389-Pedras-vivas-igreja-batista-reformada.html>

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